Idósos de 80 anos com memória semelhante a jovens de 20 a 30 anos intrigam a ciência. Estudo revela importantes diferenças no cérebro: hipocampo e córtex entorrinal do subconjunto de pessoas com melhor preservada conectividade em áreas de memória, especialmente no hipocampo e córtex entorrinal.
Ao falarmos sobre o processo de envelhecimento, é comum a ideia de que a cognição tende a declinar à medida que nos tornamos superidosos.
No entanto, estudos recentes têm mostrado que os superidosos não só mantêm suas habilidades cognitivas, como também são mais resistentes a doenças neurodegenerativas do que se pensava anteriormente. Esses velhinhos ativos desafiam os estereótipos associados à idade avançada, demonstrando que é possível envelhecer com vitalidade e saúde mental.
Superidosos: A Resistência à Doença Neurodegenerativa
Nossos pensamentos podem se tornar mais lentos ou confusos, ou podemos começar a esquecer das coisas, como o nome do nosso professor de matemática do ensino médio ou o que pretendíamos comprar no supermercado. Mas esse não é o caso para todos. Por pouco mais de uma década, cientistas têm estudado um subconjunto de pessoas que eles chamam de ‘superidosos’. Esses velhinhos têm 80 anos ou mais, mas possuem a capacidade de memória de uma pessoa 20 a 30 anos mais jovem. Superidosos são conhecidos por apresentarem uma capacidade de memória similar a de indivíduos 20 ou 30 anos mais jovens.
A maior parte da pesquisa sobre envelhecimento e memória foca no outro lado da equação — pessoas que desenvolvem demência em seus últimos anos. Porém, ‘se estamos constantemente falando sobre o que está dando errado no envelhecimento, isso não captura todo o espectro do que está acontecendo na população de adultos mais velhos’, diz Emily Rogalski, professora de neurologia na Universidade de Chicago, que publicou um dos primeiros estudos sobre superidosos em 2012.
Um artigo publicado recentemente no Journal of Neuroscience ajuda a esclarecer o que há de tão especial no cérebro dos superidosos. A maior descoberta, em combinação com um estudo que saiu no ano passado sobre o mesmo grupo de indivíduos, é que o cérebro deles tem menos atrofia do que o de seus pares. A pesquisa foi conduzida com 119 octogenários da Espanha: 64 superidosos e 55 adultos mais velhos com habilidades de memória normais para a idade deles. Os participantes completaram múltiplos testes avaliando a memória e as habilidades motoras e verbais; passaram por varreduras cerebrais e coletas de sangue; e responderam perguntas sobre estilo de vida e comportamento.
Os cientistas descobriram que os superidosos tinham mais volume em áreas do cérebro importantes para a memória, mais notavelmente o hipocampo e o córtex entorrinal. Eles também tinham uma conectividade melhor preservada entre regiões na parte frontal do cérebro que estão envolvidas na cognição. Tanto os superidosos quanto o grupo de controle mostraram sinais mínimos da doença de Alzheimer no cérebro.
‘Tendo dois grupos que têm baixos níveis de marcadores de Alzheimer, mas diferenças cognitivas marcantes e diferenças impressionantes em seu cérebro, então estamos realmente falando de uma resistência ao declínio relacionado à idade’, analisa Bryan Strange, professor de neurociência clínica na Universidade Politécnica de Madrid, que liderou os estudos. Esses achados são corroborados pela pesquisa de Rogalski, inicialmente conduzida quando ela estava na Universidade Northwestern, que mostrou que o cérebro dos superidosos
Fonte: @ Estadão
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