Poliovírus encontrado em seis amostras de água residual, possível introdução em setembro passado; agente da pólio causa paralisia infantil, risco de surto internacional.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou hoje um alerta sobre a presença do poliovírus em Gaza, região marcada por conflitos entre Israel e o grupo terrorista Hamas. O poliovírus é o agente responsável pela poliomielite, doença também chamada de pólio ou paralisia infantil.
Essas descobertas ressaltam a importância da vacinação contra o poliovírus e de medidas preventivas para evitar a propagação desse vírus. A presença do poliovírus, causador de poliomielite, em Gaza é um alerta para a necessidade de ações urgentes para conter a disseminação desse agente e prevenir surtos de poliomielite.
Surto de poliovírus ameaça região internacionalmente
De acordo com a entidade responsável, o agente causador de poliomielite, o poliovírus, ainda não foi identificado em seres humanos e não há registros de casos de paralisia no momento. No entanto, há um risco iminente de propagação tanto localmente quanto em âmbito internacional se este surto não for respondido de forma rápida. A notificação à entidade foi realizada pela Rede Global de Laboratórios da Poliomielite (GPLN) na semana passada, após a detecção de seis isolados circulantes do poliovírus tipo 2 (cVDPV2) em amostras ambientais nas províncias de Deir al-Balah e Khan Younis.
Segundo um artigo publicado no periódico Science, a coleta das amostras foi feita em águas residuais no final de junho, indicando a circulação do vírus na região. Esta área enfrenta deslocamentos populacionais em massa e colapso do sistema de saúde devido aos ataques israelenses. As amostras foram enviadas para os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos para análise genômica adicional, revelando uma ligação genética entre elas e o poliovírus tipo 2 previamente identificado no Egito no segundo semestre do ano passado.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), as alterações genéticas nas amostras indicam a possível introdução da variante do poliovírus em Gaza em setembro do ano passado. O cVDPV2, embora não seja a forma selvagem do poliovírus, é derivado da vacina oral, substituída globalmente em 2016 por uma versão com o vírus inativado para prevenir infecções decorrentes do vírus excretado nas fezes.
Mesmo assim, a disseminação do cVDPV2 em regiões com baixas taxas de vacinação ou afetadas por conflitos e catástrofes representa um sério risco. A interrupção do sistema de saúde, a falta de segurança, a obstrução do acesso aos serviços médicos, a constante movimentação da população e a precariedade das condições sanitárias aumentam a vulnerabilidade a doenças evitáveis, incluindo a poliomielite.
O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, alertou sobre a situação nas redes sociais, destacando que antes do conflito, as taxas de vacinação contra a pólio em Gaza eram satisfatórias. A poliomielite permanece como a única doença classificada como Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional (PHEIC) pela OMS, representando o alerta mais alto para uma doença em circulação globalmente desde 2014. Este status de emergência foi estabelecido em 2005 e mantido devido ao risco de propagação da poliomielite, que historicamente causava paralisia em milhares de crianças diariamente.
Fonte: @ Veja Abril
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