Presidente critica aprovação do marco temporal pelo Congresso, afetando direitos dos povos originários e seu território, enquanto o Ministério defende a preservação da arte e cultura tupinambá no museu federal.
No encerramento da cerimônia de entrega do manto sagrado tupinambá, os líderes indígenas reforçaram a necessidade de demarcação das terras ancestrais e a urgência em remover os invasores que ocupam ilegalmente os territórios dos povos originários.
Os representantes das comunidades indígenas enfatizaram que a demarcação é um direito fundamental para a preservação da cultura e da identidade dos povos indígenas. Além disso, eles destacaram a importância de demarcar claramente as áreas de proteção e criar demarcações eficazes para evitar a invasão de terras indígenas. A luta pela demarcação é uma luta pela sobrevivência.
Demarcação de Terras Indígenas: Um Direito Fundamental
O evento de devolução do Manto Tupinambá ao Brasil foi realizado no Museu Nacional, com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, e outros representantes dos governos federal, estadual e municipal. A anciã Yakuy Tupinambá criticou os trâmites de devolução do manto e defendeu que seja alocado oficialmente no território tupinambá, na Bahia, e não no museu. Ela também criticou a tese do marco temporal e cobrou mais medidas de demarcação de terras indígenas.
‘Reiteramos nossa insatisfação com a postura colonizadora personificada pelo Estado brasileiro, através das autarquias representativas que mais uma vez dilaceram nossos direitos originários e, muito mais que isso, fere profundamente o que mais prezamos: a nossa crença e a nossa fé’, disse Yakuy Tupinambá. ‘Nossas reivindicações são: retorno do manto para aldeia mãe Olivença, construindo um museu de arte tupinambá; exigimos o respeito e a garantia dos nossos direitos; autonomia do Ministério dos Povos Indígenas, reestruturação da Funai; anistia e reparação aos povos indígenas e africanos; não ao marco temporal, demarcação já!’
Demarcações e Direitos Indígenas
O presidente Lula destacou que as pessoas podem reclamar na frente do presidente da República, do governo federal, o que não ocorria em governos anteriores, quando os indígenas sequer eram recebidos pelo presidente. Segundo ele, existe uma luta política difícil para avançar nos direitos dos povos originários e criticou a tese do marco temporal. ‘Eu também sou contra a tese do marco temporal. Fiz questão de vetar esse atentado aos povos indígenas. Mas o Congresso Nacional, usando uma prerrogativa respaldada por lei, derrubou o meu veto’, disse Lula. ‘A maioria dos congressistas não tem compromisso com os povos indígenas. O compromisso deles é com grandes fazendas e grande proprietários’.
O presidente também afirmou que o governo tem colocado as questões indígenas como prioritárias e citou a criação do Ministério dos Povos Indígenas. ‘Fizemos e continuamos a fazer a desintrusão de territórios ocupados por não indígenas. Homologamos novas terras e temos certeza que faremos muito mais. Sempre enfrentando desafios, que são muitos e precisam ser tratados de forma negociada, com diálogo e transparência’, afirmou. Sobre o manto tupinambá, Lula defendeu que o Museu Nacional seja considerado como um abrigo temporário, e que sejam criadas condições para a transferência do objeto sagrado ao território indígena na Bahia.
Demarcação: Um Passo Fundamental para a Justiça
‘O manto está no Museu Nacional, mas espero que todos compreendam que o lugar dele não é aqui. Espero que todos compreendam, e eu tenho certeza que vamos ter a compreensão do nosso governador da Bahia, que disse que é tupinambá também. Ele tem a obrigação e o dever de garantir que o manto seja devolvido ao seu lugar de origem’, disse Lula. A demarcação de terras indígenas é um direito fundamental e um passo importante para a justiça e a igualdade. É necessário que o governo e a sociedade civil trabalhem juntos para garantir que os direitos dos povos indígenas sejam respeitados e protegidos.
Fonte: @ Agencia Brasil
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