Os ministros consideraram que questionar o histórico da vida sexual da vítima fere a Constituição ao discriminar sua vida sexual anterior.
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu por unanimidade, nesta quinta-feira (23), que é vedado desmerecer mulheres vítimas de violência sexual durante processos judiciais. Dessa maneira, os envolvidos no caso e representantes do Ministério Público estão proibidos de mencionar aspectos sobre a vida sexual anterior da vítima ou seu estilo de vida durante as sessões.
Essa medida visa garantir a proteção e a dignidade das vítimas de agressões sexuais e estupros, evitando que sejam expostas a situações constrangedoras ou humilhantes. A proibição de trazer à tona informações irrelevantes sobre a vida íntima das vítimas de violência sexual é um avanço significativo no combate a esse tipo de crime hediondo. vida sexual anterior
Ministros defendem vítimas de violência sexual
Os ministros concordaram que abordar a história da vida sexual da vítima em casos de violência sexual viola a Constituição, podendo levar à anulação do julgamento. Esta diretriz será aplicável a todos os processos relacionados ao tema. O colegiado estabeleceu que os juízes encarregados de julgar tais crimes devem impedir essa prática durante a investigação, sob risco de enfrentar consequências administrativas e penais. Ademais, não devem levar em conta a vida sexual da vítima ao determinar a sentença do réu.
A ministra Cármen Lúcia, relatora do caso, destacou que apesar dos avanços legislativos para proteger as mulheres, tais condutas persistem na sociedade. Ela ressaltou que ao perpetuar a discriminação e a violência de gênero contra vítimas de agressões sexuais, essas práticas são enraizadas em um discurso que diferencia as mulheres entre aquelas que ‘merecem’ ou ‘não merecem’ ser estupradas.
‘Essas atitudes servem para relativizar os atos de violência e a tolerância da sociedade em relação aos estupros cometidos contra mulheres, com base em comportamentos que não se alinham com os desejos dos agressores’, afirmou a relatora. Por sua vez, o ministro Alexandre de Moraes lamentou a persistência do machismo estrutural, inclusive em audiências judiciais.
‘Não podemos mais lidar com isso de forma superficial. O STF deve deixar claro que não tolerará mais essa situação’, declarou. O presidente da corte, ministro Luís Roberto Barroso, salientou que o Supremo tem feito sua parte ‘para combater uma sociedade patriarcal e marcada pelo machismo estrutural, refletidos na linguagem, nas atitudes e nas disparidades no mercado de trabalho’.
A ação foi movida pela PGR (Procuradoria-Geral da República), que argumentou que esse tipo de discurso é discriminatório e retraumatiza as mulheres vítimas de estupro ou violência sexual.
Fonte: © Notícias ao Minuto
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