A ciência estudou nossos hábitos de sono. São raros, mas não inexplicáveis, como se passam após o almoço ou no fim de semana.
Depois de uma semana explorando Portugal, Melissa Perri não pôde deixar de sentir sono. As pessoas ao seu redor jantavam tarde e chegavam cedo ao trabalho. Além disso, elas passavam as noites em festa até altas horas. Surpresa, Melissa abriu o Twitter e disse: ‘Pergunta séria para o povo de Portugal… Quando vocês têm sono? Vocês são noturnos? Como conseguem isso?
Melissa estava tão curiosa que decidiu pesquisar mais sobre os hábitos de dormir dos portugueses. Ela descobriu que a cultura local valoriza o convívio social e a vida noturna agitada. Intrigada, Melissa decidiu experimentar o estilo de vida local e ficou surpresa com a energia das pessoas mesmo com poucas horas de sono. Ela concluiu: ‘Talvez eu precise adotar um pouco desse jeito de dormir por aqui!’
Descubra o segredo do sono
Esse tweet viralizou, recebendo mais de 11 mil curtidas, ultrapassando 1.000 respostas e gerando o mesmo número de tweets citados. É inegável que a questão do sono desperta interesse. Assim, iniciamos uma investigação aprofundada.
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A resposta mais comum para a pergunta feita no tweet da Melissa é: ‘soneca’. Curiosamente, essa resposta é predominante entre aqueles que interagiram, especialmente os não espanhóis. Mas por quê? Alguns dados podem lançar luz sobre essa questão: 60% dos espanhóis nunca tiram uma soneca, enquanto apenas 16% o fazem diariamente.
Isso deixa 3% que reservam a soneca somente para os fins de semana, e cerca de 20% que a praticam esporadicamente. Embora haja variações regionais no país (comunidades como Aragão ou Múrcia têm hábitos de sono mais regulares, ao passo que Euskadi e Galiza são menos adeptas), muito disso está relacionado ao clima.
Apesar dos dados mencionados, na Espanha, o descanso após o almoço está em declínio constante. Embora os hábitos de sono sejam influenciados pelos ciclos biológicos, condições ambientais e práticas culturais, os costumes do país, como refeições mais leves e ar condicionado em excesso, estão contribuindo para a extinção do cochilo pós-almoço. E isso, justamente quando descobrimos o quão benéfico ele pode ser para a produtividade.
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Então, onde está a resposta? Em 2016, uma equipe da Universidade de Michigan analisou os ‘padrões normais de sono’ em diversos países ao redor do mundo. Embora os ritmos circadianos tenham sido estudados em laboratório, faltavam dados reais sobre os hábitos de sono das pessoas em casa.
Para preencher essa lacuna, os pesquisadores recorreram ao tempo de uso do celular de participantes de diferentes países. Apesar de suas limitações, essa abordagem revelou-se surpreendentemente eficaz para estimar o tempo médio em que as pessoas adormecem e acordam em cada país.
Espanha, a terra das corujas noturnas. Ao analisar os dados, surge a constatação de que os espanhóis têm o hábito de dormir tarde. Comparados a outros países estudados, eles se destacam como os mais noturnos. No entanto, ao observar a duração do sono, percebe-se que estão na média: um pouco menos de oito horas.
Além disso, os espanhóis são os que menos acordam cedo. Enquanto países como Brasil, Alemanha, Japão e Singapura dormem menos horas, eles o fazem mais cedo. Os espanhóis também se destacam por serem dos que vão para cama mais tarde, ficando atrás apenas dos Emirados Árabes.
Então, será que o mistério foi desvendado? Na realidade, na Espanha, as pessoas não estão dormindo tão bem quanto deveriam. Países vizinhos, como França, Países Baixos, Bélgica e Reino Unido, têm uma média de sono superior. Não podemos ignorar a natureza complexa dos horários de sono e seus impactos em nossa saúde e bem-estar.
Fonte: @ Minha Vida
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