Ambiente externo desafiador devido ao ciclo econômico dos EUA, gerando dúvidas sobre desaceleração, desinflação e postura do Fed. Política monetária e fiscal crível influenciam mercado e inflação subjacente, afetando hiato do produto e mercado de trabalho.
O cenário econômico global continua a apresentar desafios, especialmente devido ao momento de inflexão do ciclo econômico nos Estados Unidos, o que gera incertezas sobre a inflação e a desaceleração da economia. Isso afeta diretamente as expectativas de crescimento e a tomada de decisões por parte dos investidores.
Diante desse cenário, a taxa de inflação se torna um fator crucial para entender as tendências econômicas atuais. A desinflação, que é o processo de redução da inflação, é um objetivo importante para os bancos centrais, como o Fed, que busca controlar a inflação e manter a estabilidade econômica. A gestão eficaz da inflação é fundamental para o crescimento sustentável da economia. Além disso, as expectativas de inflação também desempenham um papel importante na formação de preços e na tomada de decisões econômicas.
Convergência das Taxas de Inflação
Os bancos centrais das principais economias estão determinados a promover a convergência das taxas de inflação para suas metas em um ambiente marcado por pressões nos mercados de trabalho. O Comitê avalia que o cenário externo, também marcado por menor sincronia nos ciclos de política monetária entre os países, segue exigindo cautela por parte de países emergentes. Em relação ao cenário doméstico, o conjunto dos indicadores de atividade econômica e do mercado de trabalho tem apresentado dinamismo maior do que o esperado, o que levou a uma reavaliação do hiato para o campo positivo. A inflação medida pelo IPCA cheio, assim como medidas de inflação subjacente, se situaram acima da meta para a inflação nas divulgações mais recentes.
Expectativas de Inflação e Riscos
As expectativas de inflação para 2024 e 2025 apuradas pela pesquisa Focus encontram-se em torno de 4,4% e 4,0%, respectivamente. A projeção de inflação do Copom para o primeiro trimestre de 2026, atual horizonte relevante de política monetária, situa-se em 3,5% no cenário de referência. O Comitê avalia que há uma assimetria altista em seu balanço de riscos para os cenários prospectivos para a inflação. Entre os riscos de alta para o cenário inflacionário e as expectativas de inflação, destacam-se (i) uma desancoragem das expectativas de inflação por período mais prolongado; (ii) uma maior resiliência na inflação de serviços do que a projetada em função de um hiato do produto mais apertado; e (iii) uma conjunção de políticas econômicas externa e interna que tenham impacto inflacionário, por exemplo, por meio de uma taxa de câmbio persistentemente mais depreciada.
Política Monetária e Fiscal
O Comitê monitora com atenção como os desenvolvimentos recentes da política fiscal impactam a política monetária e os ativos financeiros. A percepção dos agentes econômicos sobre o cenário fiscal, junto com outros fatores, tem impactado os preços de ativos e as expectativas dos agentes. O Comitê reafirma que uma política fiscal crível e comprometida com a sustentabilidade da dívida contribui para a ancoragem das expectativas de inflação e para a redução dos prêmios de risco dos ativos financeiros, consequentemente impactando a política monetária. O cenário, marcado por resiliência na atividade, pressões no mercado de trabalho, hiato do produto positivo, elevação das projeções de inflação e expectativas desancoradas, demanda uma política monetária mais contracionista.
Decisão do Copom
Considerando a evolução do processo de desinflação, os cenários avaliados, o balanço de riscos e o amplo conjunto de informações disponíveis, o Copom decidiu, por unanimidade, elevar a taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual, para 10,75% a.a. Essa decisão visa controlar a inflação e manter a estabilidade econômica em um ambiente de incertezas.
Fonte: @ Portal VGV
Comentários sobre este artigo