O jogo com o Peñarol resume o decepcionante 2024 do Flamengo, com problemas na fase de grupos do Campeonato Estadual, questionamentos à comissão técnica e ao projeto esportivo, além de falta de mobilidade no ataque.
O resultado sem gols em Montevidéu selou o destino do Flamengo em 2024, um ano que começou com grandes expectativas, mas que agora se encerra com uma sensação de frustração. A equipe rubro-negra não conseguiu alcançar os objetivos esperados, e a temporada se tornou um grande desapontamento.
Embora o Flamengo ainda possa conquistar a Copa do Brasil, o que seria um título importante para o clube, não será suficiente para mudar a percepção geral sobre a temporada. O time precisava de um desempenho mais consistente e vitorioso para justificar as expectativas criadas no início do ano. A falta de consistência foi o grande vilão da temporada. Agora, o Flamengo precisa se reorganizar e planejar melhor para o futuro, para que o time possa voltar a ser um dos principais concorrentes nos torneios nacionais e internacionais.
O Flamengo e a Fase de Grupos
A sensação de desapontamento que cerca o Flamengo não se resume apenas à falta de títulos na Libertadores e no Brasileiro. Com um terço do torneio nacional ainda por jogar, o time rubro-negro não se apresenta como um candidato realista. Na Libertadores, um elenco que gerava grandes expectativas jogou mal na maior parte da disputa. Jogos que definem a imagem de um ano não podem ser avaliados sem conexão com o restante da caminhada. Eles são como o desfecho do que se fez ou se deixou de fazer. E, no fundo, o 0 a 0 do Uruguai é como um ano jogado em 90 minutos. Cada detalhe do jogo remeteu aos descaminhos do Flamengo ao longo deste 2024.
A começar pelo palco do jogo. Por que a vaga nas semifinais era decidida no Uruguai? Porque a fase de grupos do Flamengo já fora frágil, deixada em segundo plano até pela final do Campeonato Estadual. Mas se o planejamento sempre deixou no ar interrogações sobre as escolhas de prioridades, jogos como a derrota para o Palestino, também na fase inicial da Libertadores, retratavam como era difícil para este Flamengo ter sequências de atuações consistentes, à altura do nível de seus jogadores.
O Time e a Comissão Técnica
Em Montevidéu, entrou em campo um time com bons nomes, mas cuja possibilidade de classificação não era vista como provável. É complexa a soma de fatores que fez este time, de repente, não parecer favorito contra um esforçado Peñarol. De novo, um reflexo do que fora um ano com raros momentos em que o Flamengo acumulou jogos em que foi realmente bem, cumprindo expectativas justas depositadas sobre o elenco. E, claro, esta é um aspecto em que as críticas à comissão técnica são justas. Mas logo se veria outros traços do ano traduzidos nas dificuldades do time diante da retranca do Peñarol.
E estes impõem dividir as responsabilidades entre a comissão de Tite e a falta de um projeto esportivo no clube, problema crônico do Flamengo. Tite levou Plata para o lado direito, seu setor preferido, fazendo Gérson partir da esquerda. Bruno Henrique não ficava exatamente no centro do ataque, ocupava um intervalo entre lateral e zagueiro do time uruguaio, numa busca por adaptá-lo a algo mais próximo de suas características. Pela esquerda, Gérson e Alex Sandro alternavam corredor, embora por vezes Bruno Henrique aparecesse por ali e Gérson transitasse pelo meio-campo.
A Mobilidade no Ataque
A ideia era ter mobilidade, com zonas do ataque sempre ocupadas, mas jogadores alternando estas posições. Arrascaeta, desta vez, vinha buscar o jogo mais atrás, tentando ser mais presente na armação. No papel, era até possível ver algo promissor naquele primeiro tempo. Mas era também notável como aquele parecia ser um time em formação, testando mecanismos novos para muitos jogadores, alguns deles recém-chegados ou recém-afirmados no time titular. O que se espera ver de um time em fevereiro, acontecia em setembro, na partida mais importante do ano. E aí é possível falar que Tite não construiu um trabalho consistente ao longo da temporada, mas também culpar os erros de planejamento e os infortúnios.
Fonte: © GE – Globo Esportes
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