Psiquiatra da USP, autor de ‘Rir é Preciso’. Estuda a relação entre psiquiatria e sociedade, explorando os aspectos do aparato cognitivo e emocional.
A geração Z é conhecida por ter crescido em um mundo cada vez mais conectado, cercada por tecnologia desde cedo. Esses jovens estão sempre em busca de inovação e rapidez, sendo multitarefas e adaptáveis a diferentes situações. A forma como consomem informação e se relacionam é bem diferente das gerações anteriores, o que os torna únicos em diversos aspectos.
Os jovens da geração Z estão moldando o futuro com sua forma de pensar e agir, questionando o status quo e buscando por mudanças positivas na sociedade. São engajados em causas sociais e ambientais, mostrando uma preocupação maior com o coletivo do que com o individualismo. Essa mentalidade progressista e colaborativa é o que os diferencia e destaca em meio a diversidade de gerações existentes atualmente.
A influência da geração Z nas relações familiares
O avô que a ouve acha que ela se refere a sua geração, mas seu filho, que hoje é pai, pensa o mesmo. Todos se reconhecem porque é natural que os pais tentem dar o melhor para seus filhos.
Ao mesmo tempo, nenhum filho tem aparato cognitivo e emocional suficiente para aquilatar adequadamente esses esforços de seus pais – daí não nos lembrarmos de também termos sido privilegiados por eles.Críticas às novas gerações são cheias de problemas.
A visão distorcida sobre os jovens da geração Z
É como a tola frase que diz que homens fortes criam tempos fáceis, tempos fáceis criam homens fracos, que criam tempos difíceis, que fazem homens fortes.
Trata-se de uma evidente crítica às novas gerações, considerando-as fracas e atribuindo isso a terem sido criadas nos tempos fáceis que seus pais – homens fortes crescidos em tempos difíceis – proporcionaram.Mas, se estendemos o raciocínio um pouquinho, ele desmorona.
Ou, então, a geração anterior teria sido formada por homens fracos, já que deram ensejo aos tempos difíceis fizeram fortes seus descendentes.
A fragilidade dos jovens da geração Z sob uma nova perspectiva
Quem hoje aponta a fraqueza dos filhos raramente dirá que seus próprios pais tiveram tempos fáceis.Leia tambémÉ inevitável nos compararmos a outras pessoas; mas tem jeito certo de fazer issoEsses são só alguns exemplos de como a crítica geracional é cheia de pontos cegos.
As explicações que começam com ‘esses jovens’ normalmente são embasadas em ideias preconcebidas que parecem fazer sentido, mas que não resistem a uma análise mais profunda.PublicidadeSim, os mais novos apresentam diferenças.
O fenômeno dos jovens da geração Z acompanhados por seus pais em entrevistas de emprego
Mas, mais do que uma mudança de geração, essas diferenças apenas antecipam as mudanças dos nossos tempos.Veja a notícia publicada no Estadão de que candidatos a empregos da geração Z (com seus 20 e poucos anos) vêm comparecendo a entrevistas acompanhados por seus pais. Superficialmente, parece um fenômeno que denuncia a imaturidade e insegurança dos jovens.
Mas, preste atenção: os pais aceitam ir junto. E mais: os empregadores embarcam na onda. Um cenário que seria impossível se só uma geração estivesse insegura.É fácil olhar para os filhos e identificar a fragilidade de sua geração.
Reflexão sobre a integração da geração Z em uma sociedade em constante evolução
Mais difícil é olhar para o espelho – ou para nossa geração – e entender que fazemos também parte desses novos tempos, gostemos deles ou não.Opinião por Daniel Martins de BarrosProfessor colaborador do Dep. de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP.
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Fonte: @ Estadão
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