Confronto entre rivais em momento nobre do futebol: clássico Flamengo x Palmeiras com Botafogo, na altitude de La Paz.
O futebol brasileiro não pode nem mesmo comemorar quando o calendário nacional reserva dois embates entre os maiores rivais do país. É nesses momentos, quando um clássico tão aguardado se aproxima, que a disfuncionalidade do calendário brasileiro fica evidente.
A programação de partidas do futebol brasileiro muitas vezes não favorece a realização de jogos entre os principais clubes do país. O público anseia por mais confrontos épicos, mas a agenda de jogos nem sempre colabora. É fundamental repensar a organização do calendário nacional para garantir mais emoção e competitividade aos torcedores.
Calendário Brasileiro: Desafios e Conflitos
É como se um jogo assim, menos ainda dois jogos assim, simplesmente não coubessem mais numa agenda que beira a insanidade. Neste momento, só existe uma certeza diante do Flamengo x Palmeiras pelas oitavas de final da Copa do Brasil: os confrontos, que certamente serão badalados como ocasiões nobres do futebol nacional – e num ambiente racional até deveriam ser -, terão um preço alto.
No dia 31 de julho, quando os rivais iniciarem o mata-mata, estará começando a seguinte sequência para o Flamengo: um jogo contra o São Paulo, a volta contra o Palmeiras na Copa do Brasil, outro confronto contra o rival pelo Brasileiro, a ida contra o Bolívar pela Libertadores, um clássico com o Botafogo e, por fim, a visita à altitude de La Paz. Todos estes sete jogos ocorrerão num espaço de 22 dias.
Haverá muito mais do que os 3.600 metros sobre o nível do mar na Bolívia a tirar o ar dos jogadores. O Palmeiras não terá uma caminhada diferente. Além dos três duelos com o Flamengo, visitará o Internacional pelo Brasileiro, receberá o São Paulo e fará dois jogos duríssimos com o Botafogo, atual líder do campeonato nacional, só que pela Libertadores.
Basta conhecer minimamente a lógica nacional, a pressão por resultados e o peso das rivalidades para imaginar que os clubes serão estimulados, por todos os lados, a enfrentar cada um destes jogos com o peso de uma decisão. Se o fizerem, sofrerão as pernas e a saúde dos atletas e, muito provavelmente, o nível dos espetáculos.
Por outro lado, temporadas recentes nos mostram que, em situações assim, o que se convencionou chamar de atalho para os troféus indica uma prioridade aos mata-matas. Neste caso, quem sofrerá é o Campeonato Brasileiro. O principal produto do futebol nacional, que deveria ser tratado com toda a nobreza pela CBF, é sabotado pelos Estaduais, pelos jogos da seleção, pela Copa América, pelo sufocamento a que os times são submetidos quando se veem em competições paralelas.
Em ambientes totalmente racionais, além de não serem submetidos à obrigação de escolher caminhos forçados por um calendário inexequível, clubes com o orçamento de Flamengo e Palmeiras apontariam todas as suas forças, naturalmente, para as competições mais nobres do calendário: o Campeonato Brasileiro e a Libertadores como os títulos mais cobiçados.
Parece claro que, apesar do bem-sucedido trabalho de valorizar a Copa do Brasil, o torneio em pontos corridos e a taça continental ainda são as duas disputas que oferecem o maior legado esportivo. Seria natural que, diante de atletas exaustos ou sob risco de lesão ou esgotamento, fosse a Copa o torneio escolhido para preservar forças. É assim em boa parte do primeiro mundo do futebol.
E, novamente, o sorteio apresenta uma armadilha. Afinal, como convencer a arquibancada que duelos de tamanha rivalidade podem ser colocados em segundo plano? Flamengo e Palmeiras são os casos mais gritantes, pela badalação em torno de qualquer encontro entre equipes tão poderosas. No entanto, Fluminense, Grêmio e Santos também enfrentam desafios semelhantes em seu calendário nacional. A agenda de jogos apertados e a programação de partidas intensas prometem um momento emocionante para os fãs de futebol.
Fonte: © GE – Globo Esportes
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