Fundador de Bridgewater, maior hedge fund mundial, avisa impacto crescente da dívida pública estadunidense em títulos do Tesouro pode levar investidores a mercados estrangeiros. Alerta sobre risco de guerras internas e novos cenários geopolíticos, altas taxas de juros de 10 anos, queda de expectativa, corte de juros, polarização interna, carga financeira e possíveis sanções. Melhores áreas mundiais para capitalismo neutros em conflitos.
Considerado um dos investidores mais influentes do mercado financeiro dos Estados Unidos, Ray Dalio, fundador da Bridgewater Associates – o maior fundo de hedge do mundo, que administra US$ 112,5 bilhões em ativos -, alertou sobre os níveis crescentes da dívida pública dos EUA e sua influência nos títulos do Tesouro de 10 anos. A preocupação com a sustentabilidade da economia norte-americana diante da dívida pública dos EUA é um tema recorrente entre especialistas e investidores.
Essa questão levanta debates sobre a responsabilidade do devedor norte-americano em relação à dívida nacional e como isso pode afetar não apenas o mercado interno, mas também a economia global. A análise de Dalio destaca a importância de monitorar de perto a evolução da dívida pública dos EUA para antecipar possíveis cenários de volatilidade nos mercados financeiros.
Impacto da dívida pública dos EUA nos mercados financeiros
Em entrevista ao jornal britânico Financial Times, Dalio surpreendeu pelo tom pessimista com que analisou o quadro econômico dos EUA, que, segundo ele, estão cada vez mais suscetíveis aos conflitos geopolíticos globais e à polarização interna, que poderia levar o país a um cenário próximo ao de uma guerra civil. De acordo com Dalio, os elevados níveis de dívida pública dos EUA, associados às altas taxas de juros, estão pressionando demais os títulos do Tesouro de 10 anos – porto seguro de investidores neste cenário. Os números dão razão ao fundador da Bridgewater.
Previsões sombrias para a dívida nacional e os títulos do Tesouro
O Gabinete de Orçamento do Congresso dos EUA prevê que a dívida pública americana em relação ao PIB subirá acima do máximo de 106% da Segunda Guerra Mundial até o fim da década, com provável aumento se o déficit não for atacado. Por outro lado, os custos dos empréstimos nos EUA subiram este ano, com os rendimentos dos títulos do Tesouro de 10 anos aumentando de 3,88% para 4,35%, refletindo a queda de expectativa do mercado financeiro quanto ao corte de juros, que hoje oscila entre 5,2 e 5,5% ao ano no país.
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Desafios enfrentados pelos devedores norte-americanos
‘Estou preocupado com a diminuição da procura por títulos do Tesouro para satisfazer a oferta, especialmente por parte de compradores internacionais, preocupados com o quadro da dívida dos EUA e possíveis sanções’, disse Dalio. O aumento da carga financeira nos EUA aliado à tendência de o governo americano impor novas sanções a outros países, como fez com a Rússia após a invasão da Ucrânia, poderia levar investidores a desistir de comprar títulos do Tesouro e transferir parte de seu dinheiro para mercados estrangeiros.
Novos cenários geopolíticos e a dívida pública dos EUA
A previsão de Dalio é polêmica pelo fato de colocar os EUA como um país de risco para investimentos, ‘embora as melhores partes dos Estados Unidos ainda sejam as melhores partes do mundo para o capitalismo e para a inovação’, como destacou. ‘Países que ganham mais do que gastam e têm ótimos balanços, têm ordem interna e são neutros nos conflitos geopolíticos me parecem atraentes para investir’, provocou Dalio, citando como exemplos Índia, Cingapura, Indonésia, Malásia, Vietnã e alguns estados do Golfo. Outra opção citada por ele para diversificar investimentos é o ouro, ativo que a China tem apostado pesadamente este ano.
Riscos eminente da dívida pública dos EUA
Dalio, de 71 anos, deixou o cargo de CEO da Bridgewater em 2021, mas seguiu atuando como consultor dos três codiretores de investimentos do fundo, além de integrar o Conselho de Administração da Bridgewater. Na entrevista, ele assegura ter pesquisado e identificado uma probabilidade crescente de os EUA mergulharem no que chamou de ‘guerra civil’, com grau de risco entre 35% e 40%. Segundo ele, não seria uma guerra civil em que ‘as pessoas peguem em armas’, mas causada pelo agravamento da polarização política dos últimos anos. ‘Seria do tipo que as pessoas se deslocam para diferentes estados que estão mais alinhados com o que querem e não seguem as decisões das autoridades federais de orientação política oposta’, disse.
Fonte: @ NEO FEED
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