Reforma do Questionário do ISE B3 inclui consulta pública e novos questionários temáticos, alinhados aos padrões internacionais IFRS S1 e S2, para avaliar a gestão da sustentabilidade e a dupla materialidade até 2025.
O Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) é um importante indicador utilizado para avaliar o desempenho das empresas no quesito sustentabilidade. A B3 está conduzindo uma análise minuciosa do ISE, com previsão de término em 2025. É essencial que as empresas participantes estejam alinhadas com os critérios estabelecidos para integrar a carteira do índice.
O processo de revisão do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) visa aprimorar as diretrizes e tornar o indicador ainda mais robusto, refletindo as melhores práticas do mercado. A consulta pública em andamento desde março é uma oportunidade para que as empresas e stakeholders contribuam com sugestões e feedback para aprimorar o ISE e fortalecer a agenda de sustentabilidade no ambiente empresarial.
Discussão sobre o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE)
Em discussão estão aspectos sobre capital humano, capital social, governança corporativa e alta gestão, meio ambiente e modelos de negócio e inovação, dimensões que formam o índice. A consulta pública é uma parte da primeira grande revisão desde que o índice, criado em 2005, passou por uma mudança de metodologia em 2021.
Até então, a cada ano, ajustes pontuais eram feitos nos questionários setorizados preenchidos pelas empresas – com perguntas de acordo com o tipo de atividade -. O processo de revisão do questionário do ISE busca manter o indicador atualizado a outras iniciativas de avaliação ESG (sigla em inglês que se refere ao meio ambiente, social e governança) existentes no mercado.
Mas a atualização também acontece em meio a maior ‘concorrência’ de indicadores que olham para a sustentabilidade das corporações. Entenda mais abaixo.
Processo de Seleção do ISE em Conformidade com Novas Resoluções
A revisão do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) ocorre em meio a novas resoluções que precisam ser seguidas, como a Resolução 193 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que orienta a elaboração e divulgação de relatório de informações de sustentabilidade com base no padrão internacional IFRS S1 e S2, do Conselho Internacional de Padrões de Sustentabilidade (ISSB, na sigla em inglês), que é uma espécie de irmão do Conselho de Normas Internacionais de Contabilidade (Iasb, em inglês).
Cesar Sanches, superintendente de Sustentabilidade da B3, diz que as novas resoluções serão uma referência central do processo de revisão do questionário ISE, já que o IFRS S1 e S2 adota a ‘materialidade financeira’ (informações de sustentabilidade financeiramente relevantes), um critério mais limitado do que a chamada ‘dupla materialidade’ (como o ESG afeta o negócio e como o negócio afeta o ESG), usado pela União Europeia, pelas empresas brasileiras e, também, pelo ISE.
‘Aspectos como o de aplicabilidade setorial dos questionários temáticos e de abordagem de uma série de perguntas serão revisados, considerando as iniciativas. Também acreditamos que a partir dessa nova regulação, aumentará a atenção das empresas à gestão da sustentabilidade e dos aspectos ESG de seu negócio.
Aumentará também a quantidade de empresas que publicarão reportes sobre essa gestão e seus impactos. Entendemos que isso aumenta ainda mais a importância do ISE como referência’, comenta.
Importância do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) para Investidores Responsáveis
Só de 2021 para cá, o ISE, que foi o primeiro índice de sustentabilidade da América Latina e o quarto no mundo, passou a dividir a atenção dos investidores que consideram os critérios ESG na tomada de decisão com o IGPTW, índice que reúne as empresas com melhores práticas no mercado de trabalho, e o IDiversa, criado para ser referência em teses de investimentos baseadas em diversidade, ambos da B3.
Sanches, da B3, observa que cada vez mais o mercado tem necessidade e espaço para índices com múltiplas abordagens e recortes. Ainda assim, diz ele, o ISE se mantêm relevante não só pela metodologia, mas pela consistência na tese e na transparência nos resultados.
Com a mudança de metodologia em 2021, a B3 passou a fazer a divulgação pública das notas das empresas que aplicaram para participar do índice.
Considerando a mais recente carteira, em vigor desde 2 de janeiro, a colocação das dez companhias com melhores notas em 2024 é a seguinte: Para chegar ao ranking, são consideradas a performance das companhias de maneira quantitativa (questionário da B3 + questionários do Carbon Disclosure Project, uma organização internacional que ajuda empresas a divulgarem seu impacto ambiental); e qualitativa (análise de evidências às respostas ao questionário).
Ou seja, a nota é um indicativo dos compromissos e práticas das empresas e não uma medida exata da sua sustentabilidade ou do seu desempenho ESG. ‘A agenda ESG é muito ampla e diversificada, incluindo desde questões estritamente empresariais até outras como os impactos dos negócios sobre a biodiversidade, a mudança…
Melhorias nos Critérios do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE)
Capital humano; governança corporativa e alta gestão; modelo de negócio e inovação; capital social; meio ambiente e mudança do clima são as dimensões respondidas pelas empresas que compõem o ISE desde 2021. Em 2023, das 96 companhias que responderam aos questionários, 55 companhias já haviam participado em 2021.
Ao se comparar os resultados, de maneira geral, a B3 avalia que há uma evolução de desempenho das companhias. O melhor desempenho está na área de governança corporativa e alta gestão (83,33%). As dimensões em que houve maior evolução no desempenho foi modelo de negócios e inovação, onde a média entre as empresas que participaram em 2021 e 2023 passou de 71,71% para 82,94%.
Já mudança do clima e capital humano foram as duas dimensões com os desempenhos médios mais baixos, não chegando a 70% (veja a tabela abaixo). O descompasso no desempenho mostra que ainda há questões que precisam ser enfrentadas pelas empresas.
Em relatório assinado por Marcella Ungaretti e Luiza Aguiar, da área de análise ESG, a XP avalia que ‘o ISE B3 continua a ser uma importante medida do desempenho ESG das empresas brasileiras, destacando aquelas que estão bem posicionadas em relação à agenda’.
No entanto, a avaliação é de que ‘mesmo as empresas selecionadas para integrar a carteira têm espaço para aprimorar suas estratégias ESG adiante’.
Fonte: @ Valor Invest Globo
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