Selic em alta pressiona fundos imobiliários de lajes corporativas, galpões logísticos e shoppings, com desvalorização e queda na rentabilidade.
Após o primeiro declínio mensal em 2021, o Ifix, índice de referência dos fundos imobiliários, escapou por pouco de registrar perdas consecutivas em maio.
Os investidores estão atentos aos movimentos dos fundos de tijolo no mercado imobiliário, buscando oportunidades de crescimento em meio à volatilidade dos fundos imobiliários.
Desempenho dos Fundos Imobiliários em Meio à Queda do Mercado
O indicador encerrou o período praticamente estável, aos 3.382 pontos, em meio à piora no cenário para os fundos de ‘tijolo’, que investem em imóveis físicos. Apesar do fraco desempenho, o Ifix superou, mais uma vez, o Ibovespa, índice do mercado de ações do Brasil, que fechou o terceiro mês seguido no vermelho. No acumulado do ano, a principal referência das ações se desvaloriza quase 10%, enquanto a dos fundos imobiliários avança cerca de 2%. Apesar de as ações e os fundos imobiliários serem negociados na bolsa, algumas diferenças ajudam a explicar tal disparidade entre os desempenhos.
A primeira delas é a forte presença de investidores estrangeiros no mercado acionário. Eles correspondem a nada menos que mais da metade da participação no volume negociado na B3. Não por acaso, em um ano no qual os gringos já sacaram R$ 35 bilhões da bolsa brasileira, o Ibovespa mergulhou ao menor nível em seis meses. A força vendedora dos não residentes tem jogado pressão contra o índice. Na indústria de fundos imobiliários, por sua vez, a presença de investidores estrangeiros em volume negociado é de apenas 10%, enquanto a participação de pessoas físicas chega a 66%. Mesmo assim, ainda que o Ifix carregue certa proteção à debandada de recursos vindos do exterior, o desempenho setorial da classe no mês de maio indica que o mercado está atento às mudanças nas projeções para os juros domésticos e americanos. Em outras palavras, a deterioração do cenário interno já se reflete entre os fundos imobiliários.
No último mês, todos os setores de ‘tijolo’, que concentram os investimentos das carteiras dos fundos em imóveis físicos, registraram perdas. Conforme dados do iTrix, indicador do aplicativo Trix, que acompanha o desempenho de mais de 100 fundos imobiliários listados no Ifix, a maior desvalorização foi registrada pelo segmento de lajes corporativas, seguido por varejo, galpões logísticos e shoppings. Por outro lado, a rentabilidade do setor de ‘papel’, cujos fundos investem em títulos de renda fixa do setor imobiliário, como os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) e as Letras de Crédito Imobiliário (LCIs), foi a única a figurar no campo positivo em maio.
As expectativas cada dia mais latentes de uma taxa Selic em dois dígitos ao fim deste ano influenciaram sobre o Ifix e, em especial, sobre os fundos imobiliários de tijolo, negativamente, no caso. Esses ativos ligados ao mercado real são mais sensíveis aos movimentos dos juros justamente porque carregam o imóvel físico na carteira. Basicamente, o cenário de taxa de juros elevada por mais tempo tende a frear a tração do desenvolvimento imobiliário, dado que o crédito mais caro dificulta a dinâmica de expansão do setor. Trazendo para os fundos imobiliários, esse movimento deve reduzir o valor patrimonial dos imóveis dentro das carteiras e, consequentemente, o patrimônio do fundo.
Leonardo Garcia, analista de fundos imobiliários da TRX, pondera que o cenário que vem sendo desenhado é favorável para os fundos.
Fonte: @ Valor Invest Globo
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