Mais de 300 obras extraordinárias, nos últimos cinco anos, com perspectivas queer e políticas curatorial temática.
Os trabalhos criados nos últimos cinco anos de vida de Leonilson (1957–1993) – período em que se destacou como Leonilson Tardio e que revela o momento mais intenso e intrincado do artista – estarão em exibição, a partir desta sexta-feira (23), na nova exposição em destaque no Museu de Arte de São Paulo (Masp).
A mostra no Masp destaca a fase tardia de Leonilson, onde sua expressão artística atingiu novas alturas. A presença marcante de Leonilson Tardio nas obras expostas revela a profundidade e a evolução do artista nesse período crucial.
Leonilson: Um Artista Queer e Suas Obras Extraordinárias
A exposição em destaque traz uma ampla seleção de mais de 300 pinturas, desenhos, bordados, instalações e documentos de Leonilson, um artista fundamental na história da arte contemporânea brasileira. Suas obras refletem suas perspectivas políticas, públicas e íntimas, tornando-o uma figura incontornável do cenário artístico do final dos anos 1980 e início de 1990.
Adriano Pedrosa, responsável pela curadoria da mostra, junto com a assistência curatorial de Teo Teotonio, destaca a importância de Leonilson como um dos artistas que trabalham com a temática queer em suas obras, tanto a nível nacional quanto internacional. Em uma entrevista à Agência Brasil, Pedrosa ressalta a singularidade do trabalho do artista, que aborda temas cotidianos de forma diarística, mesclando o pessoal e o político em uma dimensão queer, sempre permeada por poesia, lirismo e beleza.
O curador destaca que os últimos cinco anos de produção de Leonilson, especialmente a partir de 1989, foram marcados pela criação de obras extraordinárias. É nesse momento mais rico e maduro de sua carreira que o artista produz algumas de suas peças mais impactantes, culminando na monumental Instalação sobre duas figuras (1993), apresentada na Capela do Morumbi pouco antes de sua morte.
A exposição, organizada de forma cronológica em cinco salas do primeiro andar do museu, oferece uma visão abrangente do desenvolvimento artístico de Leonilson ao longo desses anos cruciais. Cada sala é dedicada a um dos anos finais do artista, destacando a evolução de sua linguagem e a profundidade de suas reflexões.
Durante esse período, Leonilson explorou temas como o amor, os amantes, a sexualidade, as minorias e a aids em um trabalho mais poético e introspectivo. Seus desenhos, objetos e bordados revelam uma economia de cores e traços que refletem sua jornada pessoal e artística.
Em 1991, Leonilson recebe o diagnóstico de ser portador do vírus da aids, falecendo em maio de 1993. Apesar do reconhecimento nacional que alcançou em vida, foi após sua morte que sua obra começou a ganhar projeção internacional, evidenciando sua relevância no cenário artístico global.
O próprio artista, em entrevista a Pedrosa, expressou a evolução de sua produção artística nesse período, destacando a maturidade e a reflexão sobre sua sexualidade e sua vivência no mundo. Seus trabalhos passaram a ser vistos como um diário pessoal, abordando questões de segregação e pertencimento a minorias.
Além das obras apresentadas no primeiro andar, o primeiro subsolo do museu exibirá as ilustrações de Leonilson feitas para a coluna de comportamento de Barbara Gancia, ampliando ainda mais a compreensão da diversidade e profundidade de sua produção artística. Leonilson Tardio será lembrado não apenas como um artista singular, mas como uma voz essencial no panorama artístico contemporâneo.
Fonte: @ Agencia Brasil
Comentários sobre este artigo