Profissionais brasileiros assinam orientações médicas e textos de saúde. Novas pesquisas revelam terapias CAR-T para tumores sólidos.
Um alicerce fundamental do nosso sistema imunológico são as células T, que vigiam todas as regiões do nosso organismo através da circulação sanguínea. Elas conseguem identificar proteínas desconhecidas geradas por células cancerosas e adentrar no tecido correspondente para combater e exterminar de forma direcionada as células doentes.
No combate às neoplasias, é crucial que as células T estejam ativas e eficazes, prontas para combater qualquer sinal de crescimento maligno. Essa resposta imunológica é essencial para combater a doença oncológica e proteger o corpo contra danos maiores. A vigilância constante das células T é vital para manter a saúde e o equilíbrio do organismo.
Desenvolvimento da Terapia CAR-T para o Tratamento do Câncer
Em 1909, o renomado médico e cientista alemão Paul Ehrlich propôs a teoria de que o organismo humano constantemente gera células degeneradas que são eliminadas pelo sistema imunológico. As células cancerosas, no entanto, conseguem escapar dessa vigilância, ocultando as proteínas que as identificam como malignas.
Essas observações sobre a importância fundamental do sistema imunológico no combate ao câncer levaram, no século XXI, ao desenvolvimento de uma abordagem inovadora no tratamento da neoplasia, a terapia com células CAR-T. Esse método revolucionário envolve a modificação das células T do paciente em laboratório, conferindo-lhes a capacidade de reconhecer e atacar especificamente as células cancerosas.
Desde 2009, quando a primeira terapia bem-sucedida foi demonstrada em um paciente com leucemia intratável, mais de 20 mil indivíduos em todo o mundo foram submetidos a esse tratamento inovador. Os resultados mais impressionantes foram observados em casos de leucemias infantis, onde até 80% das crianças foram curadas graças à terapia com células CAR-T.
Uma das primeiras crianças a se beneficiar desse tratamento foi Emily Whitehead, diagnosticada com leucemia linfoblástica aguda aos 7 anos. Após receber a terapia com células CAR-T, desenvolvida pelo médico Carl June, Emily não apresentou mais sinais de câncer e permanece livre da doença há mais de uma década.
Atualmente, seis produtos de células CAR-T foram aprovados pela FDA para o tratamento de diversos tipos de câncer sanguíneo, alguns dos quais também estão disponíveis no Brasil. No entanto, o desafio persiste no tratamento de tumores sólidos, que representam a maioria dos casos de câncer em adultos e crianças.
A principal dificuldade reside na identificação das proteínas-alvo nas células tumorais, sem afetar as células saudáveis. A capacidade de direcionar as células CAR-T exclusivamente para as células malignas é essencial para evitar efeitos colaterais indesejáveis e alcançar avanços significativos no tratamento do câncer. Novas descobertas no campo da epigenética prometem contribuir para superar esse desafio crucial na luta contra o câncer.
Fonte: @ Veja Abril
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