Médicos renomados do Brasil atendem em áreas remotas com baixa densidade populacional, realizando expedições clínicas essenciais.
De dentro do avião, voltando da 26ª missão de saúde da ONG Zoé, contemplo a imensidão da Amazônia, que sempre me encanta, mesmo após mais de 15 anos de trabalho voluntário como médico nessa região do Brasil.
Além disso, a importância do atendimento e da assistência médica de qualidade para as comunidades remotas da Amazônia é fundamental para garantir os cuidados de saúde necessários a todos os habitantes locais.
Desafios na Prestação de Serviços de Saúde na Região Amazônica
Perdi as contas de quantas vezes já sobrevoei a parte do Brasil que corresponde a quase 60% do território nacional. Essa área apresenta baixa densidade demográfica, com apenas 5,6 habitantes por quilômetro quadrado, e enfrenta desafios complexos na prestação de cuidados de saúde. Os serviços de saúde nessa região são essenciais, mas muitas vezes escassos.
Desta vez, os 40 voluntários que fizeram parte de nossa expedição realizaram, na última semana de junho, 1.216 atendimentos no município de Belterra, no Pará. Entre cirurgias, procedimentos endoscópicos, exames de imagem e atendimento clínico em diversas especialidades, nossa equipe médica proporcionou assistência vital para a comunidade local.
Atendemos no Hospital Municipal de Belterra, além de visitar uma aldeia indígena próxima. Os cuidados de saúde prestados foram fundamentais para muitos que não teriam acesso a atendimento médico de outra forma. A importância do trabalho realizado vai além do número de atendimentos; é sobre levar esperança e cuidado para aqueles que mais precisam.
Enquanto retornamos felizes com o impacto positivo de mais uma expedição, também carregamos a consciência de que muito mais precisa ser feito. A saúde é um direito fundamental, e garantir o acesso a atendimento médico de qualidade é um desafio constante, especialmente em regiões remotas como a Amazônia.
A escassez de médicos é um dos principais obstáculos a serem superados. No estado do Pará, onde realizamos nossa missão, a densidade médica é significativamente menor do que em outras partes do país. Enquanto o Distrito Federal conta com 5,4 médicos por 1.000 habitantes, no Pará esse número cai para apenas 1,1.
A distribuição desigual de médicos no Brasil é evidente ao observar as disparidades entre regiões. Enquanto algumas áreas urbanas têm uma concentração relativamente alta de profissionais de saúde, as regiões rurais muitas vezes sofrem com a falta de assistência médica adequada.
Ao longo dos rios Tapajós e seus afluentes e Baixo Amazonas, onde realizamos nossas expedições, encontramos pacientes que aguardavam por meses, às vezes anos, por procedimentos médicos essenciais. A falta de acesso a exames de imagem e cirurgias é uma realidade para muitos, devido à distância e à falta de recursos.
A concentração de médicos nas capitais e regiões metropolitanas é um fenômeno comum em todo o país. No estado do Pará, a proporção de médicos por habitante é significativamente menor do que em estados mais desenvolvidos, como São Paulo e Rio de Janeiro. Essa discrepância ressalta a necessidade de políticas que incentivem a presença de profissionais de saúde em áreas carentes.
Acredito que a solução para esses desafios complexos está em investir em infraestrutura de saúde, garantir condições adequadas de trabalho para os médicos e promover a equidade no acesso aos cuidados de saúde. A saúde é um direito de todos, independentemente de onde vivam, e é nosso dever como sociedade garantir que esse direito seja respeitado em todas as partes do Brasil.
Fonte: @ Veja Abril
Comentários sobre este artigo