Ações de empresas dos EUA ou ativos do S&P500 são cruciais na construção de portfolios devido ao ciclo de corte de juros e demanda por computação poderosa.
O avanço da tecnologia tem sido um dos principais pilares para o crescimento econômico em diversos países, incluindo os Estados Unidos. Mesmo com algumas incertezas rondando a economia americana, é inegável o papel fundamental que a tecnologia desempenha na atualidade, impulsionando setores como o de serviços financeiros e o de saúde.
A constante busca por inovação e avanços tecnológicos tem proporcionado um ambiente propício para o surgimento de novas oportunidades de negócios e o aprimoramento das relações comerciais. Em meio às incertezas econômicas e financeiras, a aposta em soluções tecnológicas tem se mostrado cada vez mais relevante e necessária para a sustentabilidade das empresas no mercado atual.
Investindo em tecnologia e inovação no mercado atual
Apesar disso, o S&P 500, principal índice da bolsa americana – e que reúne as 500 maiores empresas negociadas na bolsa de Nova York e na Nasdaq – já registra um retorno nominal bastante atrativo para 2024. Essa dicotomia tem levado muitos investidores a questionarem qual posição devem tomar na alocação de recursos nesse mercado de ações.
Como já abordei anteriormente aqui mesmo neste espaço, ter uma diversificação internacional é muito importante, e a exposição aos EUA – país com papel determinante nos rumos da economia global – é fundamental. Então, vamos analisar os caminhos possíveis em termos de investimentos. Temos atualmente algumas grandes jornadas disruptivas em curso.
Corrida espacial, descobertas na área da saúde e, obviamente, a revolução da inteligência artificial (IA) e seus impactos nas diversas esferas da sociedade. Avanços na área de tecnologia que eram inimagináveis pouco tempo atrás.
Somente nos primeiros meses deste ano, presenciamos o primeiro pouso de um dispositivo na superfície lunar, operado por uma empresa privada, além do envio de uma missão tripulada até a Estação Espacial Internacional, também por outra empresa privada.
Novas descobertas no campo da biotecnologia têm cativado a atenção dos investidores, com companhias desenvolvendo novos farmacêuticos para a perda de peso, abrindo a possibilidade de novas transformações na área da saúde. As tecnologias de IA estão moldando futuras possibilidades.
Além disso, as empresas de semicondutores têm se beneficiado da demanda por computação poderosa exigido pela IA gerativa. Podemos esperar muito mais avanços tecnológicos no futuro, que propulsionarão os lucros das empresas americanas. Dá para incluir tudo isso numa carteira de investimentos? De que maneira?
No meu entendimento, todas essas transformações podem sim beneficiar os investidores. Mas é preciso ponderação, diversificação e conhecimento. E, claro, boas doses de paciência. Tenho recomendado uma parcela de 12,5% (para perfis moderados) a 32% (para perfis mais agressivos) em investimentos internacionais dentro de uma carteira de alocação de ativos.
Pela sua abrangência e diversidade, eu acredito que uma exposição à bolsa americana em geral deve garantir aos investidores uma participação nesta revolução em curso.
Por isso, olhando para a frente, continuo enxergando um ciclo de expansão para ações americanas. Um dos principais elementos que têm levado o S&P a um bom desempenho nominal tem a ver com a atuação das empresas de tecnologia em soluções ligadas à inteligência artificial. Na quebra setorial, empresas do ramo de tecnologia correspondem a cerca de um terço do valor de mercado do S&P 500, qualificados devido ao seu tamanho de mercado, sua liquidez e sua representação de grupo industrial.
Os múltiplos estão claramente mais caros do que quando o mercado geral estava em seus pontos mais baixos no final de 2022, mas o setor de tecnologia ainda está num patamar entre 10% e 15% mais barato do que quando o setor e o mercado estavam no final de 2021. Pode-se perguntar: ‘como as ações estão mais baratas, mas negociando a níveis de preço muito mais altos?’.
Isso tem a ver com o crescimento substancial dos lucros, ou seja, os preços de hoje refletem níveis de lucros mais elevados. Em 2023, o setor de Tecnologia da Informação (TI) experimentou uma notável valorização, com um retorno de 56,4%, liderando o desempenho entre os setores do S&P 500.
Para começar 2024, o setor está em alta e continua a superar o mercado geral. O perfil de crescimento das ações de tecnologia que estão alavancadas (leia-se endividadas) para a IA parece forte no curto prazo, com muitos investidores debatendo quanto tempo o espetacular crescimento dos lucros pode continuar, o que determinará até onde as ações podem, em última análise, subir.
Os lucros por ação (LPA) do S&P 500 podem ver um aumento no crescimento, levando a um valor justo mais alto do índice ao longo do tempo. Portanto, há amplos motivos para considerar ações de empresas norte-americanas ou ativos indexados ao S&P500 como importantes componentes na construção de portfolios.
E, por consequência, estar com posições tomadas que podem levar a ganhos com as revoluções do momento – sempre, claro, em linha com os perfis de investidor e com carteiras diversificadas. Nicholas McCarthy é Diretor de Estratégia de Investimentos no Itaú Unibanco
Fonte: @ Valor Invest Globo
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