Evento no Festival Latinidades celebra escritoras negras e sua contribuição para a literatura, destacando o termo “mulheres pardas” e a capital federal.
No derradeiro dia da 17ª edição do Festival Latinidades na cidade de Brasília, as autoras negras se reuniram no Museu Nacional da República, no centro da capital federal, para participar de um sarau onde compartilharam poemas e textos em prosa. Este encontro acontece regularmente há quatro anos, sendo promovido pelo coletivo Julho das Pretas que Escrevem no Distrito Federal.
Enquanto as autoras negras de Brasília se expressavam por meio de suas palavras no sarau do Festival Latinidades, o evento também contou com a presença de outras escritoras renomadas da região, enriquecendo ainda mais o intercâmbio cultural e literário entre as mulheres presentes. A diversidade de vozes e estilos de escrita marcou a noite, reafirmando a importância da representatividade e do protagonismo das mulheres negras no cenário literário brasileiro.
Autoras Negras: Promovendo a Escrita e a Publicação Feminina
O nome do grupo faz referência direta ao Mês da Mulher Preta Latino-Americana, celebrando a diversidade e a força das escritoras negras. O propósito do coletivo é estimular a escrita das autoras e a publicação de seus livros, reconhecendo a importância da representatividade na literatura. Encontro Julho das Mulheres Pretas que escrevem na capital federal para compartilhar suas histórias e experiências únicas.
As mulheres negras representam o maior grupo populacional do Brasil, com 60,6 milhões de pessoas, sendo 11,30 milhões de mulheres pretas e 49,3 milhões de mulheres pardas, totalizando 28,3% da população, conforme dados do Censo de 2022 do IBGE. A escritora e jornalista Waleska Barbosa, idealizadora do coletivo, destaca a necessidade de dar visibilidade e reconhecimento à contribuição da mulher negra para a cultura brasileira, especialmente na literatura, onde sua presença ainda é diminuta.
Apenas três escritoras tendem a ser mais lembradas no cenário literário: Maria Firmina dos Reis, autora do romance pioneiro ‘Úrsula’ (1859); Carolina Maria de Jesus, conhecida por ‘Quarto de Despejo: diário de uma favelada’ (1960); e Conceição Evaristo de Brito, que iniciou sua trajetória literária em 2003 com o romance ‘Ponciá Vicêncio’. Waleska ressalta a importância de não deixar obras relevantes ficarem esquecidas, como o livro de Conceição Evaristo que permaneceu mais de 20 anos na gaveta.
O coletivo ‘Julho das Pretas que Escrevem no DF’ surge como um espaço de resistência e celebração, onde autoras negras têm a oportunidade de compartilhar suas narrativas e inspirar outras mulheres. Segundo Waleska, é fundamental preencher o vazio da escrita feminina e negra na literatura brasileira, que muitas vezes foi ocupado por homens brancos, resultando em estereótipos e caricaturas prejudiciais.
Para combater preconceitos e promover a diversidade na literatura, o coletivo homenageia autoras locais de diferentes gerações, reconhecendo suas contribuições únicas para a cultura. Este ano, foram celebradas as escritoras Adelaide Paula, Ailin Talibah, Conceição Freitas, Elisa Matos, Norma Hamilton, além das irmãs Giovana Teodoro e Lourdes Teodoro, destacando a importância de valorizar e apoiar a produção literária das mulheres negras.
Fonte: @ Agencia Brasil
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