Com verão e calor elevado, Aedes se multiplica. Regime El Niño, pequenas ondas urbanas, locais intocados: infraestrutura, água parada – favorecemos o mosquito. (146 caracteres)
Apesar de não ser, à primeira vista, uma época favorável para o aumento de casos de dengue devido às temperaturas mais baixas, a preocupação com a doença se soma às autoridades de saúde devido às chuvas intensas e aos alagamentos que têm impactado o Rio Grande do Sul.
Além disso, a população local enfrenta desafios extras, como a interrupção de serviços básicos e a evacuação de áreas de risco devido às fortes chuvas e aos alagamentos. A prevenção e o monitoramento constante são essenciais para lidar com essa situação de forma eficaz.
Impacto dos Alagamentos na Propagação da Dengue
Os casos de dengue geralmente surgem no verão, mas, de acordo com o especialista da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Cristóvão Barcelos, também podem ocorrer em maio, durante o chamado veranico, quando as temperaturas aumentam. No Rio Grande do Sul, o veranico de maio é bem conhecido e costuma trazer um período de calor intenso. Barcelos explicou que, em maio, a região está sob o regime de El Niño, o que pode gerar uma pequena onda de calor em um momento em que se espera frio.
Além disso, existe a possibilidade de surgirem novas ondas de calor, como já foi observado na área. Em meio a essa situação de calamidade, com interrupções nos serviços e no abastecimento de água, juntamente com danos na infraestrutura urbana, a ocorrência de uma onda de calor nas próximas semanas poderia desencadear um grande surto de dengue. O pesquisador alertou que, em um cenário onde a infraestrutura do estado já foi severamente prejudicada, a situação se torna ainda mais grave.
Barcelos ressaltou que, no Rio Grande do Sul, a situação é particularmente preocupante, pois a infraestrutura urbana está praticamente intocada. Com a população lidando com os estragos causados pelos alagamentos, a atenção para eliminar possíveis focos do mosquito Aedes aegypti fica comprometida. O pesquisador destacou que os ovos do mosquito têm uma resistência significativa ao frio e podem eclodir em água parada e mais quente, resultando em uma nova geração de mosquitos.
De acordo com a Secretaria de Saúde do Rio Grande do Sul, nos últimos anos, casos de dengue foram registrados durante todo o inverno, inclusive nos períodos mais frios. Mesmo com a transmissão sendo menor no inverno em comparação ao verão, a vigilância não pode ser relaxada, especialmente em um cenário com diversos municípios infestados e propensos a acumular entulhos que servem como possíveis criadouros do mosquito.
Barcelos enfatizou que o Aedes aegypti não se reproduz apenas em água limpa, e a água parada decorrente dos alagamentos pode se tornar um ambiente propício para a proliferação dos mosquitos. Ele ressaltou a importância de manter a atenção e ações preventivas, mesmo em períodos de menor incidência da doença. A colaboração de todos é essencial para evitar a propagação da dengue em meio aos desafios causados pelos alagamentos.
Fonte: @ Agencia Brasil
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